Brave or Fool? It's your choice!

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Ela entrou no carro dele, que já não era mais o mesmo, e se encaixou perfeitamente no banco do passageiro, ao lado dele,como costumava ser. Olhou de relance no banco de trás, e ali estava o mascote que ela havia lhe dado em um dia dos namorados. Era uma pelúcia do seu desenho animado favorito. Essas coisas fofas de casal apaixonado e que quando tudo passa você acha uma tremenda cafonice! Mas o bichinho continuava ali, um pouco encardido, empoeirado, mas ali, onde ela havia o deixado pela última vez. Ele ligou o rádio, e ela assumiu a função de co-pilota: mudar as estações. Apertou o número 3 da memória e confirmou que continuava registrado a estação que ela mais gostava. Tocava Barão Vermelho. E eles começaram a cantar junto com a banda: “Mais uma dose, é claro que eu tô afim! A noite nunca tem fim, por que que a gente é assim!”
Ele então parecendo não mais estar cantando disse: “por quê, hein?” Ela se remexeu no banco, ajeitou o cinto de segurança, tentou disfarçar, não sabia o que dizer…
O semáforo fechou, e eles se olharam. Ela então disse: “não sei…”
E ficaram se olhando, tentando encontrar outras respostas menos evasivas um nos olhos do outro.
O verde então piscou, e as buzinas do carro de trás os alertaram que deveriam seguir.
Continuaram em silêncio, curtindo a música, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Dessa vez, o silêncio foi quebrado pelo celular dele que tocou. Ele tirou do bolso, identificou de quem era a ligação e preferiu não atender. Ela teve certeza que era alguma mulher, e já sentiu o ciúme arder no seu peito. Ah! A droga do ciúme! Agora ela lembrara qual era a resposta certa para a pergunta que ele lhe fizera há alguns minutos. Era esse ciúme louco, quase doentio, que ela há anos vem tentando entender, controlar, trabalhar. .
Achou prudente se calar naquele momento, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde, durante o jantar, ela não iria resistir e tocaria no assunto da ligação. Ele também preferiu não comentar, apenas desligou o telefone e aumentou o volume do rádio. Agora tocava Satisfaction, clássico do Stones. Os dois se puseram a cantar novamente, e antes que a música terminasse, ele estacionou. Chegaram ao restaurante. Ele tirou o rádio do carro e entregou a ela junto com as chaves para que os guardasse em sua bolsa. Ahhh, como isso era corriqueiro quando eles namoravam! Ele jogava tudo na bolsa dela, e depois ainda dizia que a bolsa dela era muito pesada, e não entendia o porquê de uma bolsa tão grande! Homens, homens!
Foram caminhando até a porta do restaurante, morrendo de vontade de entrelaçarem os dedos e andar de mãos dadas como um casal de namorados, mas não eram mais um casal, pelo menos não naquele momento, e então seguiram somente lado a lado, em passos bem lentos, tentando fazer com aquela noite acompanhasse esse mesmo ritmo. E as horas demorassem a passar.

(to be contined…)

 


Pri Bella

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